O 1. FSV Mainz 05 não pôde aproveitar a pausa da Data FIFA com um clima positivo. A derrota por 4 a 0 diante do Hamburgo, pela 6ª rodada, foi o pior resultado do clube desde o 1 a 8 sofrido contra o Bayern de Munique em março de 2024. Com esse revés, os comandados de Bo Henriksen chegaram à quarta derrota em seis jogos da atual temporada, somando apenas uma vitória (4 a 1 sobre o Augsburg) e um empate (1 a 1 com o Wolfsburg). O sexto colocado da última Bundesliga ocupa agora o 16º lugar, dentro da zona de rebaixamento.
Após a partida em Hamburgo, houve uma conversa interna ainda no vestiário. “O treinador e alguns jogadores se manifestaram. Foi importante antes do início da pausa”, afirmou o diretor esportivo Niko Bungert. Os erros defensivos foram o principal ponto de crítica: o time sofreu dois gols por desatenção logo no início e, no segundo tempo, permitiu mais dois em contra-ataques mal defendidos. Mesmo com 65% de posse de bola, o Mainz saiu de campo com uma derrota pesada. “Precisamos voltar às nossas origens. Fazer o simples com qualidade, ser mais duros nos duelos, correr mais e disputar melhor as segundas bolas. Essa é a base”, destacou Bungert.
Nos outros torneios, o desempenho tem sido melhor. O time avançou na Copa da Alemanha ao vencer o Dynamo Dresden por 1 a 0, com gol de falta de Amiri, e estreou bem na UEFA Conference League, superando o Omonia Nicósia (Chipre) por 1 a 0, novamente com gol do ex-Bayer 04. Agora, o Mainz tenta transferir esse sucesso também para a Bundesliga. “Precisamos somar pontos, isso é o mais importante. É claro que estamos sob pressão, tivemos um início ruim, diferente do que aconteceu nas copas. Mas não estamos longe de encontrar o caminho”, afirmou Bo Henriksen.
As dificuldades do Mainz também passam pelas ausências de jogadores importantes. Nas seis primeiras rodadas, a equipe teve várias baixas, por lesões e suspensões. Três jogadores já foram expulsos: Paul Nebel (vermelho direto contra o Colônia), Dominik Kohr (duplo amarelo contra o Augsburg) e o goleiro Robin Zentner (vermelho diante do Dortmund). Kohr, aliás, atingiu a marca de oito expulsões na carreira e igualou os recordistas Luiz Gustavo e Jens Nowotny (ex-Bayer 04). Ele também recebeu seu 100º cartão amarelo na Bundesliga, ficando atrás apenas de Stefan Effenberg (114).
Devido a tantas ausências, Henriksen ainda não pôde repetir uma escalação nesta temporada. “Isso também faz parte da história do nosso início”, explicou o técnico. Para o duelo com o Bayer 04, o treinador de 50 anos já pode contar com quase todo o elenco. O goleiro Robin Zentner ainda cumpre suspensão e será substituído novamente por Lasse Rieß. O ala Anthony Caci, com lesão no tendão, só deve retornar aos treinos no início de 2026. Já o jovem zagueiro Maxim Dal segue se recuperando de uma ruptura no ligamento cruzado. Fora isso, todos os demais jogadores estão à disposição.
O Mainz tem sofrido especialmente com falhas defensivas. Já levou três gols em contra-ataques nesta Bundesliga, marca superada apenas pelo Eintracht Frankfurt (quatro). A equipe não termina um jogo sem sofrer gols há 17 partidas consecutivas. Se isso se repetir contra o Bayer 04, igualará o recorde negativo da temporada 2005/06. Em seis jogos, permitiu 38 chances ao adversário, sendo que apenas quatro times tiveram números piores.
No ataque, a ausência de Jonathan Burkardt, vendido ao Eintracht Frankfurt, tem sido sentida. Artilheiro do time na última temporada (18 gols), ele deixou um vazio difícil de preencher. O substituto, Benedict Hollerbach, se lesionou logo na estreia e só retornou recentemente, na goleada sofrida em Hamburgo. Embora o Mainz seja o time que mais tenta lançamentos longos na liga (375), apenas 43,7% são bem sucedidos. Em seis rodadas, criou apenas 25 chances claras de gol, o pior número da Bundesliga. Em quatro jogos, ficou sem marcar e tem o segundo pior ataque do campeonato, com cinco gols, ao lado de Mönchengladbach e à frente apenas do Heidenheim (quatro).
A sequência negativa em casa também preocupa: o time não vence na MEWA Arena há oito partidas (cinco empates e três derrotas). Nesta temporada, perdeu os três jogos que disputou como mandante, contra Colônia (0 a 1), RB Leipzig (0 a 1) e Borussia Dortmund (0 a 2), e não marcou nenhum gol.
O Mainz ainda não conseguiu resgatar o futebol enérgico que marcou a campanha passada, algo que apareceu apenas na vitória por 4 a 1 sobre o Augsburg. Naquele jogo, a equipe mostrou intensidade e agressividade, características que definem seu estilo. Apesar dos resultados ruins, alguns números seguem positivos: o time é o que mais cruza bolas na área (122), o que mais vence duelos aéreos (148) e o quarto que mais ganha disputas de bola (583). Também aparece entre os cinco clubes que mais realizam sprints (1.010) e ocupa o sexto lugar em posse de bola (53%).
“Estou muito satisfeito com a atitude e a energia que mostramos até aqui”, elogiou Bo Henriksen. “Temos um bom time, mas precisamos saber quem somos. Não estamos aqui para jogar tiki-taka. Temos de ser famintos, disputar cada bola, ganhar o primeiro e o segundo lance, vencer no jogo aéreo. Foi isso que nos fez fortes na temporada passada, e precisamos ser mais inteligentes para recuperar essas virtudes.”