
“Trabalhar, trabalhar e continuar na elite” — foi com esse lema que o 1. FC Heidenheim 1846 celebrou, na temporada passada, a permanência na Bundesliga conquistada nos minutos finais do playoff do rebaixamento. Graças ao gol de Leo Scienza, aos 50 minutos do segundo tempo, na vitória por 2 a 1 sobre o SV Elversberg, o clube da região de Ostalb garantiu sua terceira temporada consecutiva na primeira divisão. Desde o início, todos em Heidenheim sabiam que seria novamente uma missão muito difícil. Mesmo sem a sobrecarga de competições internacionais — ao contrário do último ano, quando disputou a Conference League —, o time voltaria a figurar entre os principais candidatos ao rebaixamento. Por isso, o capitão Patrick Mainka lançou o lema “Sensação: permanência”, que reflete bem o realismo e o espírito coletivo da equipe.
Após as nove primeiras rodadas, essa visão se confirmou. O FCH é o lanterna da Bundesliga, com apenas uma vitória — 2 a 1 em casa contra o FC Augsburg. Além disso, conseguiu dois empates no próprio estádio: 2 a 2 com o Werder Bremen e, no último fim de semana, 1 a 1 contra o Eintracht Frankfurt.
Pela primeira vez em seis confrontos, o Heidenheim não perdeu para o Frankfurt. Budu Zivzivadse abriu o placar após assistência de Arijon Ibrahimovic, mas os visitantes empataram logo após o intervalo com Rasmus Kristensen. “Se o Marvin Pieringer não estivesse impedido no 2 a 1, estaríamos fora da zona de rebaixamento agora”, lamentou o técnico Frank Schmidt, que, ainda assim, ficou satisfeito com a postura do time. Nesse cenário, o FCH teria sete pontos em vez de cinco e estaria em 14º lugar. “O mais importante é que as distâncias na tabela estão curtas”, destacou Schmidt. “Enquanto for assim, tudo é possível.”
A parte inferior da classificação segue muito equilibrada — algo que o Heidenheim encara com tranquilidade. Como explica Schmidt: “Se a temporada não for emocionante para nós, é porque já teremos sido rebaixados.” Por isso, o plano é manter a disputa acirrada e ir somando pontos, um a um, como um esquilo juntando nozes. Quem sabe até fora de casa, já que, longe da Voith-Arena, o time perdeu as quatro partidas disputadas. Agora, o desafio é em Leverkusen. O histórico contra o Werkself não ajuda: quatro jogos, quatro derrotas. No entanto, o FCH tentará de tudo neste sábado para quebrar as duas sequências negativas.
Frank Schmidt não poderá contar na BayArena com os lesionados de longa data Leart Pacarada, Frank Feller e Sirlord Conteh, além do atacante Mikkel Kaufmann. O lateral-esquerdo Pacarada, contratado neste verão junto ao 1. FC Köln, sofreu uma ruptura no ligamento cruzado durante a derrota por 2 a 0 contra o Borussia Dortmund. O goleiro reserva Feller já havia lesionado o ligamento colateral durante a pré-temporada, enquanto Conteh está afastado devido a uma lesão no menisco. Kaufmann, por sua vez, sofre com problemas nos adutores.
Apesar dos desfalques, o panorama físico do elenco melhorou, especialmente no setor ofensivo. Marvin Pieringer está de volta após longa recuperação, e Mathias Honsak e Budu Zivzivadse também estão novamente à disposição. “Agora temos opções muito melhores, com mais presença física, força e experiência”, comemorou Schmidt. “Como treinador, volto a ter dúvidas boas — sobre quem começa jogando, quem fica no banco ou quem sequer entra na lista. Antes, o time praticamente se escalava sozinho.”
Na defesa, Schmidt confia no goleiro Diant Ramaj e nos experientes zagueiros Patrick Mainka, Tim Siersleben e Benedikt Gimber. Pelas laterais, Jonas Föhrenbach e Marnon Busch devem iniciar, como contra o Frankfurt, com Omar Traoré como alternativa. No meio-campo, Julian Niehues e Jan Schöppner têm garantido equilíbrio. Nas pontas, o jovem Arijon Ibrahimovic, de 19 anos — emprestado pelo Bayern de Munique e que atuou na Lazio antes de chegar ao FCH —, tornou-se titular absoluto e começou todas as nove partidas da temporada. No ataque, Schmidt deve repetir a dupla Budu Zivzivadse e Stefan Schimmer. Este último, há seis anos no clube, é o típico centroavante de área e ganhou o apelido de “Bomber” por marcar gols decisivos.
O time ainda não conseguiu passar um jogo sem sofrer gols. Em todas as onze partidas da temporada, o Heidenheim foi vazado pelo menos uma vez. No entanto, o time também não sofreu goleadas. A maioria das derrotas foi por placares apertados, como o 0 a 1 diante do Hamburgo na Copa da Alemanha, decidido por um pênalti muito contestado no fim. No ataque, a produção tem sido baixa: apenas oito gols em nove rodadas, o que faz do FCH o terceiro pior ataque da liga. Sintomático é o fato de que o artilheiro da equipe seja Stefan Schimmer, que normalmente entra no segundo tempo, com apenas dois gols. Schmidt reconhece que o time precisa melhorar nas bolas paradas: “Temos que insistir nisso, porque é uma das formas que podem decidir jogos a nosso favor.”
Na primeira etapa contra o Eintracht Frankfurt, o Heidenheim mostrou novamente as qualidades que marcaram sua boa estreia na elite: intensidade, força física e determinação nos duelos. Antes da partida, Schmidt havia pedido “mais coragem e determinação” ao grupo — e foi exatamente o que viu em campo. O time tomou a iniciativa, atuou de forma coesa, pressionou o adversário pelas pontas e criou perigo com bolas longas nas costas da defesa. O gol saiu em uma jogada direta, concluída com eficiência. Na defesa, a equipe foi sólida e concedeu poucas chances. “Com essa atitude e essa maneira de jogar futebol, acredito que conseguiremos tirar pontos de muitos jogos”, afirmou Schmidt confiante após o empate com o Frankfurt.